CRAVO AMARELO - Desdem - Desprezo.
«Assim como as pessoas desdenhosas são pela maior parte exigentes e pouco amaveis, assim tambem de todos os cravos o amarello é o menos bello, o menos cheiroso, e o que exige maiores cuidados».
CRAVO AMARELO RAIADO - Volte logo.
«Aguns mythologos dizem que a origem d'estes cravos foi devida a Diana, que, tendo em uma occasião de mau humor encontrado um pobre pastor que andava caçando, lhe arrancou os olhos com muita destreza; e tendo depois reparado que as pupillas eram muito bonitas, lembrou-se de convertel-as em flores, semeou-as e d'ellas provieram os cravos».
CRAVO BRANCO RAIADO - Veiu tarde.
«O cravo branco parece ter sido o ultimo que se conseguiu raiar (...) d'onde realmente se póde dizer que veiu tarde (...)».
CRAVO DA ÍNDIA - Dignidade.
«O cravo aromatico da India é originario das Molucas; os povos d'esta ilha trazem as flores, que nós chamamos cabeças de cravo, como um signal distinctivo de dignidade (...)».
CRAVO DE POETA - Fineza.
«O cravo de poeta, tão brilhante por seus bellos tufos, é em toda a parte de uma fineza e delicadeza notaveis».
CRAVO DE TUNES - Antipathia - Odio - Raiva.
«(...) o roxo avelludado e o amarello de suas flores não deixam de formar um bello matiz; porém o pessimo cheiro que exhalam lhes adquire a antipathia de todos e lhes attribue o seu emblema».
CRAVO ESCARLATE - Amor vivo e puro.
«O cravo primitivo é simples, escarlate e perfumado (...)».
«Foi o bom Renato de Anjou, esse Henrique IV da Provença, quem primeiro enriqueceu os jardins com o cravo e a rosa vermelhos (...)».
CRAVO ROSA ALMISCARADO - Mensageiro discreto.
«Os cravos grandes têem muitas vezes servido para em seus olhos occultar um bilhete (...). A rainha Maria Antonietta, na sua prisão do Templo, recebeu occulto no olho de um cravo rosa almiscarado um bilhete (...)».
«Dubos fez sobre este assumpto os versos (...)».
«Quando uma infeliz rainha
Na prisão, triste e mesquinha
Da sorte affronta o rigor;
É d'um cravo a discrição
Quem da ventura um clarão
Faz raiar em seu favor».
CRAVO ROXO - Sentimento.
«A côr rôxa significa tristeza, e reunida ao cravo que significa affecto, lhe grangeia a significação de sentimento».
GOIVO DOBRADO DOS JARDINS - Beleza durável.
«Esta bella flor eleva-se pois em nossos jardins, como uma belleza viva e fresca que espalha em torno de si a saude, o primeiro dos bens, e sem a qual não ha ventura nem belleza duravel».
GOIVO DAS MURALHAS - Fiel na desgraça.
«(...) folga de crescer nas fendas dos velhos muros (...)».
«Outrora os menestreis e trovadores traziam um ramo d'esta planta, como emblema de uma affeição, que resiste ao tempo e que sobrevive á desgraça».
A propósito de uns goivos que nasceram nas ruínas de Saint Denis, escreveu Treneuil:
«Que flor é esta, que um piedoso instincto
Aqui nas azas do zephyro transporta?
Que! o templo onde tens tuas raizes,
Deixas, terno goivo, amante das ruinas,
E vens fiel os nossos reis acompanhar?
Ah! pois que do terror as leis curvaram
Do lirio infeliz a haste soberana,
De nossos jardins em luto sê rainha;
Triumpha sem rival, flor santa e pura
Fiel ao tumulo, ao throno, à desventura».
GOIVO DE MAHON - Prontidão.
«A semente d'esta flor, apenas confiada á terra, germina, e quarenta dias depois lá temos massiços ou guarnições cobertas de flores; mas como ellas são de pouca duração, para poder gosa-las por mais tempo, convem semea-las desde março até agosto (...)».
HEPATICA - Confiança.
«Quando os jardineiros vêem as lindas flores da hepatica, dizem: "A terra está amoravel, póde-se semear com confiança"».
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In Diccionario da linguagem das Flores ornado com estampas coloridas, Lisboa, Typographia Lusitana, 1868.