segunda-feira, 26 de julho de 2010

Anémona, Lírio e Liz

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ANEMONA - Abandono - Esquivança.
«Anemona foi uma nympha amada de Zephiro; Flora, ciosa, baniu-a de sua côrte e a metamorphoseou em uma flor que desabrocha sempre antes da chegada da primavera. Zephiro abandonou esta infeliz belleza ás caricias do duro Boreas (...)».
Uma anemona com esta legenda, brevis est usus (seu reinado é curto), exprime maravilhosamente a passagem rapida da belleza».

ANEMONA DOS PRADOS - Doença.
«Em algumas provincias de França imagina-se que a flor da anemona dos prados é tão perniciosa que tem o poder de envenenar o ar (...)».

LIRIO - Mensagem.
«(...) suas cores brilhantes e variadas, como as do arco-íris, têem grangeado para esta flor o nome de mensageira dos deuses».

LIRIO-FLAMMA - Chamma - Flamma.
«O lirio-flamma (...) é uma planta, que o camponeses allemães folgam de ver crescer sobre o tecto de suas cabanas. Quando o ar agita suas bellas flores (...) dir-se-ia que chammas ligeiras e perfumadas deslisam sobre esses tectos rusticos (...)».

LIZ - Magestade.
«(...) Só, parece frio e como fatigado; cercado de mil outras flores, offusca-as a todas: é um rei, sua apparencia é a da magestade.
O liz primitivo veiu da Syria; outr'ora ornou os altares do Deus de Israel, e coroou a fronte de Salomão (...).
Carlos Magno queria que elle partilhasse com a rosa a gloria de perfumar seus jardins; e a dar credito a antigas tradicções, o valente Clovis recebeu um lis celeste no dia em que a victoria e fé lhe foram dadas.
Luiz VII de França nas flores de liz achou o triplice symbolo da belleza, do seu nome e do seu poder: collocou-as no seu escudo, no seu sêllo e no seu dinheiro. Philippe Augusto semeou d'ellas o seu estandarte».
S. Luiz trazia um anel, representando, em esmalte e em relevo, uma grinalda de flores de liz e de margaridas, e sobre o engaste do mesmo anel estava gravado um crucifixo com as palavras: (Hors cet annel pourrions nous trouver amour?) Fóra d'este anel que podeemos amar? porque effectivamente este anel offerecia ao monarcha piedoso o emblema de tudo que elle tinha de mais caro - a religião - a frança - a esposa.
Foi também uma idéa religiosa a que levou Carlos V de França a fixar em tres o numero das flores de liz (...)».
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In Diccionario da linguagem das Flores ornado com estampas coloridas, Lisboa, Typographia Lusitana, 1868.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Trigo, Jacinto e Melindres

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TRIGO - Riqueza
«(...) Esta planta parece ter sido confiada pela Providencia aos cuidados do homem , com o uso do fogo para lhe assegurar o sceptro da terra. Com o trigo (...) póde-se dispensar todos os outros bens e póde-se adquiri-los».
«O homem com o trigo póde nutrir todos os animaes domesticos que lhe servem de alimento, e que partilham seus trabalhos (...)».
«O trigo é o primeiro laço das sociedades, porque a sua cultura e amanhos exigem grandes trabalhos e serviços mutuos; por isso os antigos tinham chamado à boa Ceres, legisladora».
«Um arabe, perdido no deserto, não tinha comido durante dois dias (...). Passando junto d'um poço (...) apercebeu sobre a areia um pequeno sacco de coiro, apanha-o, e diz: «Deus seja louvado; é, julgo eu, uma pouca de farinha.» Apressa-se em abrir o sacco, mas á vista do contheudo exclama: «quanto sou desgraçado! é apenas oiro em pó!»

JACINTO - Jogo
Foi jogando a conca nas margens do rio Anphriso que Apollo matou o bello Jacinto. Não podendo restitui-lo á vida, o deus o metamorphoseou na flor do seu nome».

MELINDRES - Melindres
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In Diccionario da linguagem das Flores ornado com estampas coloridas, Lisboa, Typographia Lusitana, 1868. 




sexta-feira, 16 de julho de 2010

Lichnis, Saudade e Sensitiva

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LICHNIS - Simpatia irresistível

SAUDADE - Saudade - Viuvez

SENSITIVA - Pudor
«A sensitiva, chamada tambem acacia pudica e mimosa pudica, parece fugir á mão que quer tocar».
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In Diccionario da linguagem das Flores ornado com estampas coloridas, Lisboa, Typographia Lusitana, 1868.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Ophris, Lírio dos Vales e Dedaleira

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OPHRIS-ARANHA - Destreza - Habilidade
«Arachnea foi uma muito habil bordadora, que ousou desafiar Minerva no exercício d'esta arte. A deusa offendida, metamorphoseou esta imprudente em aranha. A ophris-aranha assimilha-se ao insecto, que, sob uma fórma hedionda, não tem perdido sua destreza e habilidade».

OPHRIS DE TRES FOLHAS OU MOSCA - Erro
«A flor de ophris de tres folhas assimilha-se tão perfeitamente a uma abelha, que muitas vezes somos induzidos em erro».

LIRIO DOS VALLES OU CONVALLE - Regresso da ventura
«(...) desde os primeiros dias de maio, suas flores de marfim se entr'abrem e derramam seus perfumes nos ares. A esse signal o rouxinol deixa as nossas sebes e çarças, e vae procurar no seio dos bosques uma companheira (...); guiado pelo perfume do lirio convalle, o harmonioso passarinho escolhe o seu asylo (...) e celebra, por cantos melodiosos (...) o amor e a flor que cada anno lhe annuncia a volta da primavera e da ventura».

Fábula de Aimé Martin, traduzida por Dantas Pereira:

«Foi Convalle um pastor da aurea idade,
Galante e dos mais amaveis;
(...)
De todos os encantos tinha posse,
se voluvel não fosse,
Era rapaz perfeito:
Mas, ah! que dos seus meios abusava!
E a pobre que nos laços seus caía,
Só depois encontrava
Engano e zombaria.
(...)
Ao tribunal do deus o réu citado,
Venus inda noviça, inda innocente,
Fez seu arrasoado
Pela fidelidade.
(...)
Vae-se a votos, e o nume decidiu
N'um momento o voluvel seductor,
Do deus ao sopro, é transformado em flor,
que do falso o nome tem.
(...)»

DEDALEIRA - Trabalho
«Esta planta é assim chamada, porque a sua flor se assimilha á forma de um dedal, d'onde lhe provém symbolisar o trabalho».
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In Diccionario da linguagem das Flores ornado com estampas coloridas, Lisboa, Typographia Lusitana, 1868.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Salva, Margaridas e Malmequer

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SALVA - Estima.
«(...) a mais salutar das plantas aromáticas».

MARGARIDA - Variedade.
«As primeiras sementes foram remettidas para o jardim do rei (de França) em 1730, pelo padre Incarville, missionario na China (...)».

MARGARIDA PEQUENA SINGELA - Innocencia.

MARGARIDA PEQUENA DOBRADA - Eu partilho vossos sentimentos.

MALMEQUER AMARELLO DOBRADO DO CAMPO - Afflição - Pena - Pezar.

MALMEQUER AMARELLO SINGELLO DO CAMPO - Ciume.

Poema de Constant-Dubos:

«Quantas vezes a pastora,
Longe do jovem amante,
Diz comsigo: É-me fiel?
Voltará elle constante?

Tremendo te colhe então...
E sob a mão mal segura,
O orac'lo que se desfolha
Lhe indica a sorte futura.

Pema de Palmeirim:

«Malmequer: que triste sorte,
Mal aceito á formosura!
Consultei folha por folha,
Pobre flor da desventura;
Não me quer pouco nem muito,
Para mim foi-se a ventura! (...)»

MALMEQUER BRANCO DO CAMPO - Eu pensarei n'isso.
«Nos tempos da cavallaria andante, quando uma dama não queria aceitar nem rejeitar os votos de um pretendente de amorosa mercê, ornava sua fronte de uma corôa de malmequeres brancos do campo; isto queria dizer: Pensarei n'isso,

MALMEQUER DA SECIA - Cautella.

MALMEQUER E CYPRESTE - Desespero.

MALMEQUER E PAPOULA - Eu acalmarei vossas penas.

MALMEQUER E ROSA - Doce pena de amor.

MALMEQUER NA BOCA - Não digo o que sinto.

MALMEQUER NO CABELO - Pena na alma.

MALMEQUER NO CORAÇÃO - Pena de amor.

MALMEQUER NO SEIO - Crueis tormentos.

MALMEQUER PLUVIAL - Pressagio - Prognostico.
«Esta flor abre constantemente ás sete horas, e permanece aberta até ás quatro, se o tempo tem de conservar-e secco; porém se ella não abre, ou abrindo, fecha antes da hora regular, podemos estar seguros de que choverá durante o dia».
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In Diccionario da linguagem das Flores ornado com estampas coloridas, Lisboa, Typographia Lusitana, 1868. 

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Ervilha de Cheiro, Boas Noites e Martyrio

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ERVILHAS DE CHEIRO AZUES - Expressão de amor.
ERVILHAS DE CHEIRO ENCARNADAS - Doçura - Suavidade.
ERVILHAS DE FRUCTO - Appareça.

BOAS NOITES - Acanhamento - Timidez.
«Esta planta é originária do México e do Perú. As suas lindas florinhas só abrem depois do sol posto (...)».

MARTYRIO - Crença - Fé - Religião.
«Estão representados na flor do martyrio uma corôa de espinhos, o açoute, a columna, a esponja, os cravos e as cinco chagas de Christo. É por isso que se chama tambem a esta flor - Passiflor ou flor da paixão, e que se faz d'ella o emblema da fé e da religião».
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In Diccionario da linguagem das Flores ornado com estampas coloridas, Lisboa, Typographia Lusitana, 1868.