segunda-feira, 14 de junho de 2010

Primavera, Congossa e Alfazema


PRIMAVERA - Puberdade
«A puberdade é a primavera da vida. "A primavera, diz Shakespeare, que nunca viu Phebo em todo o seu esplendor, é pallida como a jovem que fenece pouco a pouco na esperança de um esposo"».
CONGOSSA - Doces lembranças
«Já ao abrigo dos combros a violeta, a margarida e a flor doirada do dente de leão têem desabrochado, quando approximando-nos da orla dos bosques, vemos a anemona e a congossa estenderem ahi um longo tapete de verdura e flores». A congossa tem folhas «verde forte, resistentes e luzidias» e flores «de um bello azul». É «consagrada a uma felicidade duradoura, a sua côr é a da amisade, e a sua flor era para J. J. Rousseau o emblema das doces lembranças. Esta planta, imagem de uma primeira affeição, prende-se fortemente ao terreno que embellece, enlaça-o todo com seus ramos flexiveis, e cobre-o de flores, que parecem o reflexo da côr dos céus.
Asim os nossos primeiros sentimentos, tão vivos, tão puros, tão ingenuos, parecem ter uma origem celeste; assignalam em nossos dias um instante de ventura, e lhes devemos as nossas mais doces lembranças».
ALFAZEMA - Desconfiança
«(...) Julgava-se outr'ora que o aspide, especie de vibora muito perigosa, se occultava habitualmente entre a alfazema, motivo pelo qual só a ella se chegavam com desconfiança».
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In Diccionario da linguagem das Flores ornado com estampas coloridas, Lisboa, Typographia Lusitana, 1868.

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